domingo, 8 de março de 2009
Collor e a volta por cima: O pac agora é delle
GOVERNABILIDADE
Com apoio do Planalto, Collor derrota PT e é eleito presidente de comissão do Senado que aprova o PAC
(*) Luiz Salvador
A Senadora Catarinense Ideli Salvatti do PTSC perde para o Senador Collor de Mello a Presidência da Comissão de Infraestrutura que aprova o programa de obras do governo (PAC).
Collor foi eleito por 13 x 10 votos. A eleição de Collor foi articulada por Renan Calheiros e José Sarney. O Senador Aluísio Mercadante do PT de SP, ficou irritadíssimo com a articulação "pmdebista", disparando: "Foi uma aliança espúria, que interferiu no direito legítimo e democrático do PT de presidir essa comissão".
Amenizando o conflito armado dentro do PT, o Sen. Eduardo Suplicy (PTSP), emendou: "Não creio que o presidente Collor se constitua num obstáculo aos projetos do PAC".
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O pac agora é delle
Com apoio do Planalto, Collor derrota PT e é eleito presidente de comissão do Senado que aprova programa de obras do governo
Hugo Marquesv - Revista Isto É
Primeira Gafe Consolada pela senadora Fátima Cleida, Ideli cumprimenta Collor, que disse que ela "cisca"
Na véspera do Carnaval, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, foi ao Palácio do Planalto a chamado do presidente Lula, que estava preocupado com as negociações em andamento no Senado. Com a bênção de José Sarney, Renan avisou que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) era o nome escolhido pelo PMDB e o DEM para assumir a Comissão de Infraestrutura. "Minha única preocupação é com a governabilidade", explicou Lula. "Fica tranquilo, presidente, o governo vai sair ganhando, pois a base aliada vai conquistar mais estabilidade", respondeu Renan.
E na quarta-feira 4 ajudou Collor a se eleger titular da comissão responsável pela análise dos grandes projetos do governo. O PAC, carro-chefe da campanha da ministra Dilma Rousseff, ficará sob o crivo do ex-presidente da República. Dezesseis anos depois do impeachment e com 59 anos, elle está de volta à cena política. Confirmada a votação, ficou feliz ao ouvir novamente a palavra "presidente" e abriu um largo sorriso. "Como é bom ganhar!", disse aos amigos. "Eu nunca mais experimentei esse sabor."
Como em 1989, quando derrotou Lula na corrida presidencial, Collor deixou o PT irritado. Antes de sacramentada a vitória por 13 votos a dez sobre a senadora Ideli Salvatti (PTSC), os petistas cobraram o princípio da proporcionalidade na tentativa de emplacar a intransigente defensora do Palácio do Planalto no Senado. Terminada a eleição, o senador Aloizio Mercadante (SP) não se conteve. "Foi uma aliança espúria, que interferiu no direito legítimo e democrático do PT de presidir essa comissão", reagiu. "Eu repilo. Foi um acordo inteiramente aberto.O senador Mercadante precisa medir suas palavras e respeitar seus companheiros aqui do Senado", devolveu Collor.
"Foi uma aliança espúria, que interferiu no direito legítimo e democrático do PT de presidir essa comissão"
Aloizio Mercadante, senador (PT-SP)
Antes, em seu discurso, o ex-presidente irritou os senadores do PT ao dizer que Ideli "é uma pessoa que cisca para dentro". Mercadante cobrou retratação e Collor afirmou que era um elogio. "No Nordeste, essa expressão identifica uma pessoa que agrega", esclareceu Collor, tentando desfazer o mal-estar.
Apesar da ascendência que Collor terá sobre obras importantes do PAC, os senadores da base do governo acreditam que o ex-presidente não vai criar problemas para o Planalto. Pelo contrário, Collor integra um partido da base aliada e já demonstrou para os colegas que pretende navegar junto com os 84% de popularidade do presidente Lula. Quando assumiu sua cadeira no Senado, ele fez questão de ser recebido em audiência pelo presidente Lula e saiu desfiando elogios ao antigo adversário.
"Não creio que o presidente Collor se constitua num obstáculo aos projetos do PAC", prevê o senador Eduardo Suplicy (PTSP). "Sua eleição decorre de um acordo relacionado à eleição da mesa, com José Sarney." O senador Pedro Simon, do PMDB do Rio Grande do Sul, também não vê ameaça: "Nós temos que oferecer a chance de ele se recuperar, desempenhar seu mandato", diz Simon. "Queira Deus que Collor se saia bem."
Link: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2052/artigo127623-1.htm
Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br)
Fernando Collor vive e luta
Celso Marcondes - REVISTA CARTA CAPITAL
O processo de "renovação" iniciado no Congresso Nacional com as eleições de Michel Temer e José Sarney continua. Agora, quem voltou por cima foi Fernando Collor. Graças ao apoio do PMDB, em aliança com o DEM, o senador alagoano, hoje no PTB, assumiu a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado. Foram precisos 13 votos, contra os 10 da senadora Ideli Salvatti, do PT.
Foi mais uma vitória do PMDB, esta coordenada diretamente por Renan Calheiros e pelo ministro José Múcio (PTB), das Relações Institucionais. E mais uma derrota do PT, que a cada dia que passa vê mais gordo o seu principal aliado na base governamental. Para quem não sabe a importância da tal comissão, basta dizer que sua principal atribuição será acompanhar no Senado as obras do PAC, eixo estratégico de ação do governo federal.
Assim como Temer e Sarney, a dupla Collor/Renan ressuscitou. Na política brasileira, quem é vivo sempre reaparece. Quem é esperto e sabe manter sólidos seus laços na corporação, estes, então, nunca morrem.
O senador Aloizio Mercadante, muito irado, registrou sua opinião: "Foi uma aliança espúria (PMDB + PTB, da base aliada, + DEM, da oposição mais ferrenha) que interferiu no direito legítimo e democrático do PT". Disse isso porque, regimentalmente, em função do tamanho da sua bancada, o cargo deveria ser "naturalmente" cedido ao PT.
A pouco mais de um ano e meio das eleições presidenciais de 2010, tudo indica que nada mais será "natural" em Brasília. O "toma lá da cá" define a regra do jogo. Neste caso, o PTB cobrou a fatura e levou: ganhou o cargo em função do apoio que deu a Sarney para a presidência do Senado.
Senador desde 2006, Fernando Collor é dos mais ausentes em Brasília. Em menos de três anos já gozou de duas licenças do mandato. Quarta-feira, nos noticiários televisivos, cercado de microfones como há muito tempo não se via, ele dizia: "Minha principal missão será ajudar nas obras do PAC".
Antes, reagia às colocações de Mercadante: "Aliança espúria? Ele que vá procurar para saber onde vai achar", esbravejou, sem dizer o lugar onde pensou que Mercadante deveria ir procurar (mas, com um pouco de imaginação, dá para supor).
Cassado da presidência da República em 1992 e reintegrado ao jogo político quatorze anos depois, em 2006, quando foi eleito para o Senado, Collor ocupa agora um cargo importante. Totalmente grisalho, voz não tão forte como antigamente já provou que tem bons amigos e que pode reatar com ex-adversários. Sarney é um deles. Outros poderão ser localizados dentro do governo federal, que ainda não lamentou a derrota de Ideli.
Espera-se que também não lamente futuros entraves que obras do PAC enfrentem ao serem discutidas no Congresso.
(Crédito da foto: José Cruz/ABr)
Link: http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=3518
(*) Luiz Salvador é Presidente da ABRAT (www.abrat.adv.br), Vice-Presidente da ALAL (www.alal.la), Representante Brasileiro no Depto. de Saúde do Trabalhador da JUTRA (www.jutra.org), assessor jurídico da AEPETRO e da ATIVA, membro integrante do corpo técnico do Diap e Secretário Geral da CNDS do Conselho Federal da OAB, e-mail: luizsalv@terra.com.br, site: www.defesadotrabalhador.com.br
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